domingo, 28 de setembro de 2008

Morte e Vida Severina ( 1 ) - Abertura ( 1ª cena) Enterro na rede (2ª cena)

A apresentação do protagonista da peça (na 1ª cena) não podia ser mais densa e mais simples. Severino mostra-se como um tipo comum: o homem nordestino. Sua densidade humana e psicológica vai surgindo com o transcorrer da obra. Mais que um indivíduo, pelo menos no início da obra, Severino iguala-se a milhares de outros humildes e miseráveis, desprovido de identidade - daí parece decorrer a dificuldade do protagonista em definir-se ou individualizar-se de outros tantos "severinos", provindos da mesma serra.
Enquanto na 2ª cena, Severino trava um diálogo com dois homens que carregam um defunto embrulhado na rede, cuja a morte foi de emboscada, há um estribilho quase melancólico 'irmãos das almas'. A cena traz a denúncia sobre aqueles que abusam do poder, matam para tomar posse da terra e jamais são incriminados. Ao mesmo tempo desperta a solidariedade do andarilho. Os irmãos das almas contam a Severino que o morto possuía uns hectares de terra, "pedra e areia lavada", que alguém ambicionava. Plantando entre as pedras umas dez quadras de palha. O emprego da repetição faz lembrar certas cantorias, muito comuns no Nordeste.

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