domingo, 28 de setembro de 2008

Morte e Vida Severina ( 3 ) - Cena do enterro de um trabalhador

Nessa cena, os trabalhadores levam um morto ao cemitério, trabalhador eito (da roça). Severino-obervador ouve o que dizem os amigos do finado. uma raiva até então contida via crescendo, acompanhada do ritmo da poesia. Essa passagem parece conscientizar o personagem não apenas da existência da morte também nos latifúndios canavieiros, mas também da reforma agrária. O lavrador apenas recebe depois da morte a miníma parte que lhe cabe, uma cova rasa, medida em palmos.

Morte e Vida Severino ( 2 ) - O retirante (Severino) dirige-se à mulher na janela

Nessa cena, o protagonista percebe que a mulher da janela é remediada, nem rica, nem pobre. Interrogado por ela sobre suas habilidades, Severino declara ser agricultor de roças cabíveis àquela região e estar acostumado a lidar com aquele tipo de terra, além de saber cuidar de gado e trabalhar no engenho. Sua interlocutora diz que são profissões inúteis na região, porque os bancos não financiam mais agriculta, não há gado na região e as usinas substutuíram o engenho. Havendo profissões ligadas à morte, como coveiros, cantadores de excelências e rezadores, como ela. Sugere que o retirante associa-se a ela, pela abundância de mortes e pelo lucro imediato.

Morte e Vida Severina ( 1 ) - Abertura ( 1ª cena) Enterro na rede (2ª cena)

A apresentação do protagonista da peça (na 1ª cena) não podia ser mais densa e mais simples. Severino mostra-se como um tipo comum: o homem nordestino. Sua densidade humana e psicológica vai surgindo com o transcorrer da obra. Mais que um indivíduo, pelo menos no início da obra, Severino iguala-se a milhares de outros humildes e miseráveis, desprovido de identidade - daí parece decorrer a dificuldade do protagonista em definir-se ou individualizar-se de outros tantos "severinos", provindos da mesma serra.
Enquanto na 2ª cena, Severino trava um diálogo com dois homens que carregam um defunto embrulhado na rede, cuja a morte foi de emboscada, há um estribilho quase melancólico 'irmãos das almas'. A cena traz a denúncia sobre aqueles que abusam do poder, matam para tomar posse da terra e jamais são incriminados. Ao mesmo tempo desperta a solidariedade do andarilho. Os irmãos das almas contam a Severino que o morto possuía uns hectares de terra, "pedra e areia lavada", que alguém ambicionava. Plantando entre as pedras umas dez quadras de palha. O emprego da repetição faz lembrar certas cantorias, muito comuns no Nordeste.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008